"Chegamos bem ao Haiti.
Instalamos-nos num acampamento no epicentro do terremoto. Estamos em uma localidade chamada Carrefour, a 40 minutos do centro de Porto Príncipe.
A chegada para mim superou todas as expectativas que tinha em relação a miséria e destruição que ia encontrar por aqui. EU NUNCA TINHA VISTO COISAS TAO FORTES NA MINHA VIDA.
O detalhamento sairá nos diários de cada companheiro de nossa Brigada Brasileira. Nos próximos e-mails podemos está dando maiores informações da vida nesta parte esquecida do mundo.
O serviço que estamos prestando é de uma utilidade inimaginável. Nunca me senti tão útil. No acampamento vivemos em casas de campanhas, em condições mínimas de comodidade. Todo mundo ajuda todo mundo.
As consultas são numerosas, centenas de pacientes com todo tipo de doença que se pode imaginar, infecciosas, cirúrgicas, dermatológicas, ginecológicas. Tudo, tudo. As pessoas gritam, choram e algumas vezes agem com violência entre eles para poder se consultar.
O idioma é o francês, mas os pobres aqui não o conhecem, quase todos falam o créole, o idioma dos negros nativos. Até hoje não vi um branco haitiano, parece que não vivem por aqui.
Quando caminhamos pelas as ruas vestidos de branco, todos eles nos olham e nos respeitam, principalmente quando sabem que somos da brigada cubana de saúde.
Hoje pela manhã, já consultei mais de 50 pacientes, coisas que têm que ser assim nas atuais condições. Muita gente com traumas psicológicos. Crianças sem famílias são centenas.
Acho que os médicos formados na ELAM, que não passarem por uma experiência e desafio desses, perderão a possibilidade de mostrar seu compromisso e gratidão com os povos para os quais nos comprometemos em ajudar.
Cada um tem sua vida, seus problemas, suas dificuldades, talvez nunca existirá um momento mais cômodo em nossa agenda para fazer isso, por isso “hoje é o dia”.
Em breve mandaremos mais informações."
Janilson Leite
Coordenador da Associação Médica Nacional Maíra Fachini
Notas do Blog:
1) Janílson Leite é um médico tarauacaense, formado em Cuba, que está coordenando um grupo de médicos brasileiros formados em Cuba em missão humanitária no Haiti.
2) Por que não são jovens médicos formados em outros países, ou mesmo formados no Brasil, que estão nessa missão? Será que a solidariedade só se aprende em Cuba?
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