quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Amores que matam



Chico Paulo, de 21 anos, disse: “prefiro a morte que ficar sem ela”, quando tentou se jogar do alto de uma torre no bairro Manoel Julião.

Agnaldo Aquino, de 41 anos, saiu gritando o nome da mulher amada, que o havia abandonado e ateou fogo no próprio corpo no bairro Bosque.

Homens que amam de um jeito terrível e projetam o seu amor para além das cercas da vida. Capazes de se autoflagelar e até mesmo tirar a própria vida, esses homens anônimos lançam dúvidas sobre a capacidade da humanidade de amar sem ódio.

Amores no limite, como esses do Agnaldo e do Chico, fazem a gente refletir sobre os nossos próprios amores. Como amamos as pessoas e as coisas e em que lugar nós guardamos as nossas ternuras coletivas.

Como anda o meu amor em relação às pessoas que convivem comigo? Como entender a dosagem do amor, quando eu amo mais uns do que a outros e esse amor se reflete no tempo em que eu dedico às pessoas, a atenção e as respostas às suas necessidades?

Quem vai me dizer quando o meu amor estiver incompleto e que, tantas vezes, se eu ignorei o sorriso daqueles que estão próximos, como vou dividir amor entre aqueles que estão longe?

O que custa, de vez em quando, olhar para dentro de mim mesmo e tentar encontrar as dobras da minha insensibilidade e do meu desamor? Olhar dentro da sombra humana e perceber que as pessoas querem mais amor do que coisas matemáticas.

Atenção, carinho, perguntar sobre coisas simples da vida e demonstrar que se interessa pela vida do outro. Acho que falta em mim a substância dos anjos que dividiram amor desde o instante em que Deus lhes deu asas.

E quando vou descobrir que todas essas coisas que amo vão virar pó e nenhuma deixará de ser consumida pelas traças? É que a obsessão por coisas do cotidiano faz a gente amar aquilo que não precisa de amor.

Por isso, o amor do Agnaldo e do Chico me deixou assim tão perplexo, capaz de guardar um tempo para dialogar sobre coisas que político não costuma falar.

O amor perverso do Agnaldo e do Chico me fez olhar para o meu próprio amor.

Um comentário:

Deia disse...

Olá querido, será que esse tipo de "amor" é amor de verdade?
creio nas sabias palavras do profeta: "o amor tudo suporta", suporta até a dor de perder o amor