sexta-feira, 17 de junho de 2011

Os Dilemas de Ollanta


"No momento em que escrevia estas linhas, as "contagens rápidas" de todas as pesquisas davam como ganhador, por uma estreita margem, Ollanta Humala. Se confirmadas estas antecipações, o clima de renovação política e social instalado na América Latina desde finais do século passado se verá consideravelmente fortalecido. Um Peru que presumidamente abandonaria, com o novo governo, sua postura de incondicional peão do império – lamentável situação a que chegou não pelas mãos do conservador Alejandro Toledo, mas pelas do ex-líder aprista Alan García – seria um sopro de ar fresco para os governos de esquerda e progressistas de nossa América.

Não é um mistério para ninguém que Washington tenha empregado todo seu arsenal financeiro, político e propagandístico para impedir o triunfo de Humala. O nervosismo evidenciado pela "comunidade de negócios" do Peru, que bem como seus homólogos de outras partes do mundo tem acesso à informação que os demais não têm, refletia a preocupação que causava em suas fileiras a eventual derrota do fujimorismo: em função disto, a bolsa de Lima registrou uma baixa de 6%.

O establishment peruano, personificado desde o século XIX por seu intelectual orgânico, o diário El Comercio, assumiu com tal descaramento seu papel de organizador do anti-humalismo que o mesmíssimo Mario Vargas Llosa renunciou a seguir escrevendo em suas páginas. A CNN não ficava atrás: na última sexta-feira, sua principal apresentadora, Patrícia Janiot, submeteu o candidato da coligação Gana Peru a um interrogatório que, por sua forma e seu conteúdo, a desqualificam, pela enésima vez, como jornalista e a confirma, por outro lado, como operadora política a serviço da Casa Branca. O governo de Alan García, obviamente, não ficou para trás nesta cruzada direitista. Mas seu desprestígio é tão grande que seu partido, o APRA, nem sequer pôde apresentar um candidato nestas eleições presidenciais.

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