sábado, 18 de junho de 2011

A MARCHA DA LIBERDADE


Leio no Blog do Altino que a Marcha da Liberdade e dos Direitos Humanos foi um “fiasco”, palavras de Altino Machado e de Gérson Albuquerque. Eu não pude participar da Marcha porque continuo doente, desde 4ª feira, com uma forte virose.

Na manhã de hoje, ainda debilitado, fui ao Banco, próximo ao Palácio Rio Branco, aonde acontecia a manifestação. Fiquei deveras constrangido com o pequeno número de participantes. Lembrei-me dos tempos em que bastava um anúncio de panfleto e a gente lotava a frente do Palácio Rio Branco.

Lembrei, naquele instante adverso, dos espancamentos que sofríamos da polícia, quando fazíamos manifestações com aquela substância. Relembrei dos salários atrasados e da vergonha que tínhamos de ser funcionário público.

Recordei que, nas nossas assembleias de professores, não existia nem motos, eram apenas bicicletas e mais bicicletas. Agora são centenas de carros nas assembleias e nas ruas próximas às escolas públicas.

Lembrei as denúncias de corrupção, aonde deputados estaduais usavam postes da Eletroacre e tratores do Deracre em suas fazendas. Recordei de juízes de direito grilando terras de pobres posseiros.

Recordei de governadores fretando jatinho para passar o Carnaval no Rio de Janeiro e de coronéis que invadiam, armados, as salas dos desembargadores do Tribunal de Justiça, fazendo-os mudar sentenças.

Lembrei as ameaças de morte e os assassinatos, de Wilson Pinheiro, Ivair Higino, Chico Mendes.

Lembrei como era Rio Branco, feia, maltrapilha, envergonhada frente às outras capitais. Lembrei tanta coisa ruim, tão ruim e perversa que ainda dá medo. Talvez, por isso, que a Marcha da Liberdade e dos Direitos Humanos não tenha encontrado o eco merecido.

Talvez precisemos balancear as nossas bandeiras frente ao cotidiano do Acre que, mesmo não sendo o paraíso, não é mais aquele inferno que vivíamos.

Lembrei o Egito e a Síria, a greve dos bombeiros do Rio de Janeiro que, mesmo sendo o 2º Estado mais rico do Brasil, paga a metade do salário que o Acre paga aos seus bombeiros.

Recordei os cavalos pisoteando professores em greve de São Paulo que, mesmo sendo o Estado mais rico do Brasil, paga 30% menos do que o Acre paga os nossos professores.

Alguém precisa explicar como um Estado pobre como o Acre (o 26º PIB) conseguiu proporcionar ensino superior a 95% dos nossos professores, enquanto Estados ricos não atingiram ainda 50%.

Acho que o nosso movimento social precisa encontrar processos novos de luta e perceber que é possível continuar avançando nas conquistas sem negar os avanços. De que adianta erguer bandeiras que o povo não abrace ou soltar gritos de guerra contra quem governa em paz?

É preciso novidade na luta, novos líderes, mais arejados e mais combativos do ponto de vista de construir saídas ágeis, erguer bandeiras charmosas e atrativas aos trabalhadores.

Que saibamos olhar o nosso tempo com olhos de águia e perceber as contradições, para ganhar terreno sobre elas e olhos de pai, para saber amar no tempo certo e lutar na hora primeira, no instante em que nossos sonhos sofrerem o achincalhe dos donos do poder.

Por enquanto, com as nossas diferenças, estamos juntos na guerra e na paz. Não somos inimigos, somos companheiros, parceiros, amigos e camaradas!



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