segunda-feira, 27 de junho de 2011

DIA DE LAVAR OS OLHOS


Não há dia mais palpável do que a segunda-feira! Mais cansativo, mais humano, mais real, mais estressante, mais longo, dia de organizar as dores do abrigo, da sobrevivência, dia de começar, de insistir, de buscar, de querer.

Dia de resolver problemas acumulados, que ficaram engravidando na cabeça da gente durante o fim de semana, dia de lavar os olhos do álcool e da preguiça, dia de olhar as contas, de arrepender-se, de confessar os pecados, de perceber que a vida é uma corrida para a morte.

Dia terrível de confrontar as verdades da alma, as cobranças de todo o clã, de ver que a festa foi passageira e que a alma não vive só, como montanha de pedra ou de gelo, dia de tudo um pouco.

Dia de olhar para as próprias mãos e descobrir que umas trabalham, outras indicam, outras oram, outras traficam, dia de amar pouco, rezar muito, suar, de muito calor, de cansaço guardado, de lembrar que tudo passa debaixo do sol.

Dia que ninguém espera, dia sem brilho, dia horrível, de trabalho que acumula riquezas ou calos, dia de erguer prédios, de limpar o lixo, dia de nenhuma festa, dia de escassos amores.

Num dia como esse, nada melhor do que ouvir "Porque metade de mim é abrigo, mas"...




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