sábado, 23 de abril de 2011

“Os ladrões de minha terra são tão audaciosos que escalariam o Céu se lhes dissessem que as estrelas eram libras esterlinas”. Heliodoro Balbi

Praça Heliodoro Balbi, em Manaus

A Academia Acreana de Letras escolheu HELIODORO BALBI como meu Patrono, na minha posse de quinta-feira, 28, no Teatrão. Sinto-me honrado em ter um Patrono como Heliodoro Balbi, em especial, devido a escolha ter sido da elite das letras do Acre.


HELIODORO BALBI

"Amazonense de Manaus, Heliodoro Balbi nasceu a 16 de fevereiro de 1876, filho de Nicolau Balbi e Domiciana Balbi. Fez seu curso primário e de humanidades na capital do Amazonas, diplomando-se em Direito pela famosa escola de Recife em 1902. Foi orador de sua turma, deixando o seu nome inscrito nos anais da Faculdade pernambucana.

Regressando a Manaus a 13 de junho de 1903, fez concurso para a cátedra de Literatura do Ginásio Amazonense Pedro II, obtendo o primeiro lugar e a nomeação. Bipartiu-se entre o jornalismo e o magistério, sendo fundador e professor da disciplina Filosofia do Direito da Universidade Livre de Manaus. Tentou a política, mas foi infeliz.

Eleito deputado à Assembleia Legislativa do Estado, logo renunciou seu mandato, inconformado com os rumos da política que se opunha ao seu código de conduta, expresso no pronunciamento de Recife. Mas Heliodoro não abandonou as armas. Precisava de um palco maior onde pudesse bradar seu desespero e ser ouvido. Fez do seu jornal Correio do Norte - o trampolim para atingir seus objetivos.

A trincheira, porém, foi depredada, incendiada. E na sanha inominada, assassinaram o gerente do valente órgão. Balbi escapou. E não calou. Fez-se deputado federal. Pinheiro Machado manobrou no sentido de arrancar-lhe o mandato. Conseguiu! Não sem o protesto do portentoso tribuno.

Na defesa de seus direitos, no próprio plenário da Câmara, lançou para a História a frase que se tornaria célebre e nunca mais esquecida: “Os ladrões de minha terra são tão audaciosos que escalariam o Céu se lhes dissessem que as estrelas eram libras esterlinas”.

Não enrolou a bandeira. Foi a luta. E no quatriênio seguinte voltou a se eleger e, outra vez, teve o seu direito usurpado. Voltando ao Amazonas encontrou sua esposa doente. Sem ter recursos para manter-se e cuidar da saúde dela, aceitou uma causa no Território do Acre. Deixou a esposa guardando o leito. Não havia remédio. Partiu. E não voltou. Faleceu na cidade de Rio Branco, a 26 de novembro de 1918.

Heliodoro foi fundador e vice-presidente da Academia Amazonense de Letras, ocupando a cadeira 2, de Tito Lívio de Castro, transformada, mais tarde, em 29, do patronato de Castro Alves.

A quase totalidade de sua produção literária perdeu-se no incêndio criminoso de seu jornal. E em outros atentados. A rigor chegaram até a nós, pouquíssimos trabalhos do grande literário e extraordinário tribuno, entre os quais três obras-primas: Flor de Pedra, Relicários e Durante a Febre".

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