sábado, 25 de dezembro de 2010

Não só de ventos vive uma tempestade


Nesse feriado de Natal, sonolento, encantado, festivo, ora chuva, ora sol, barulho de crianças, ressaca, saudades de tanta gente, decidi escrever umas linhas sobre nós mesmos, sobre a Frente Popular.

A “quase” derrota da Frente Popular não foi um incidente qualquer, foi um desmoronamento de longo alcance e exige respostas. A da moda é culpar quem está no comando do governo, no caso Binho Marques.

Nós quase perdemos para o “time de reserva da oposição” e com os nossos melhores jogadores. Essa eleição foi a nossa ponte do Caeté!

Nós perdemos na capital e nos municípios de asfalto velho, aonde foram feitos os principais investimentos de 12 anos de governo da Frente Popular, incluindo as fábricas do Alto Acre e a Estrada do Pacífico.

Vencemos no caminho do asfalto novo, com a ajuda de 4 pontes. O povo, assim, demonstra ter votado contra o cansaço e a mesmice, aqui pelas bandas da capital. Aonde a obra é velha ela precisa de encanto, de diálogo, de barulho, de brilho.

Aonde a obra é nova ela vence sozinha e ganha de goleada como foi de Feijó pra lá. Assim, fica fácil esclarecer que há respostas que não cabem em duas realidades distintas. Binho era governador daqui e do Juruá, aqui perdemos, lá ganhamos.

Nas duas realidades era o mesmo governo, as mesmas “caras velhas”, a mesma hegemonia nos espaços de poder, a mesma “boçalidade” de alguns, a mesma dedicação de muitos, os mesmos erros e mesmos acertos. Ponto.

É preciso olhar para a história. Não adianta querer explicar uma derrota com variáveis tortas, de época, fora de linha, porque, lá na frente, a tempestade volta.

A Frente Popular perdeu parte do seu encanto. O que mais dói é saber que nós estamos perdendo o charme, o brilho da mudança e da luta por melhores condições de vida para o povo acreano.

Continuamos a realizar as mesmas coisas boas, até mais robustas, mas sumiu o charme, a atração do amor primeiro.

Só a democracia interna, o debate, a inclusão real do povo serão capazes de tirar a fuligem que cobriu nossa imagem.

Nós precisamos reconquistar o amor popular, a paixão dos mais pobres, o encanto da mudança, a simpatia de quem nos faz oposição, o charme das boas utopias.

E corrigir os erros, sem expulsar, sem demonizar, sem personalizar. A culpa é coletiva, porque todos nós temos um pedaço de poder, para decidir, contestar, sugerir, informar.

Da velha Frente Popular nascerá uma nova, com os seus mesmos homens e mulheres. Estamos indo ao médico, fazendo exames, deixando vícios, fazendo novas caminhadas, corrigindo desvios.

A Frente Popular tem vigor guardado, energia de reserva e tempo para recomeçar e abraçar as novas utopias. Será como uma mulher que se cuida e surpreende aqueles que a achavam velha e sem graça.

Será como um homem que descobre que está perdendo a sua amada, encantado por falsos amores e decide reconquistar cada pedaço do terreno, com vontade férrea e muita ternura.

Nós só precisamos de amor, de atenção, transparência, radicalizar na honestidade, simplicidade, participação popular, mais dedicação, democracia. Parece muito, mas nós sabemos, porque já fizemos, o caminho de volta das nossas utopias.

Nota do blog: Nessa quinta-feira, 23, participei de uma linda FESTA DE NATAL dos filiados do PCdoB de Tarauacá, com a presença de muitos dirigentes de outros partidos da Frente Popular local e também da oposição.

Um comentário:

edivan disse...

Feliz natal camarada! Moisés nen todos tem esse sentimento q muitos demonstram nessa época, vc observou como o clima de Tarauacá anda nebuloso? Pois numa epoca de comfraternizações e reavaliações de nossos atos, pessoas teimam em achar q o mais importante é seu próprio umbigo ou sua conta bancaria, hoje estive com o sindicalista Eurico fazendo uma ação de entrega de cestas básicas para famílias carentes e o q presenciamos foi exatamente um desolamento de um povo sofrido e esquecido, mas com uma fé gigantesca, muitos ainda demonstra uma esperança em ter pelomenos para seus filhos uma justiça social. Vejo q ainda ha tempo de recuperarmos uma cidade q já deu tantos filhos ilustres, mesmo aqueles filhos adotivos como vc. Abraços e votos de sucesso na sua jornada parlamentar.